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Não tenho medo de demônios, mas, corro dos que acreditam neles.







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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

E a voz do povo, é o que?

Às vezes, dá para sentir-se num beco sem saída.
Há algum tempo, até os textos escolares do ginásio( quinta a oitava séries do ensino fundamental)poderiam suscitar suspeitas e complicações a seu autor.
Fiz um trabalho sobre marginalização,para a matéria de Educação Moral e Cívica,quando estudava no colégio Barão de Ramalho, na Penha, São Paulo,aí por 1978. Procurei ser minucioso e tratar todos os segmentos que eu entendia serem discriminados e excluídos da sociedade.
Até os Hare Krishna eu citei, já que os seguidores deste grupo hinduísta era perseguido com acusações diversas.
Aqueles jovens vestidos a caráter, cantando e dançando mantras pelas ruas do centro, causavam curiosidade, mas pregavam uma outra forma de ver e viver a vida, diferente da usual.
Antes de entregar meu trabalho, mostrei-o para a professora de História, dona Maria Aparecida de Aquino,que não tinha ainda o renome que alcançaria, mas que sempre já demonstrava seu talento e domínio da matéria. Além disso, ela era como uma amiga para mim. E ela sugeriu que eu analisasse bem meus escritos, antes de entregá-los, pois a dita professora de Moral e Cívica não era 'muito católica'...
Não se tinha direito de interferir nas coisas do poder. Nem se podia escolher aqueles que iriam nos comandar.
Era a ditadura militar, e as notícias de desmandos e abusos apavoravam até adolescentes.
Para mim, o ponto extremo da violência e selvageria do regime foi o caso Wladimir Herzog, o jornalista que teve a sola do pé arrancada nas sessões de tortura a que foi submetido, e acabou morrendo nas mãos dos carrascos.
Era um tempo sombrio, em que as intervenções eram planejadas sob a maior cautela e eram reprimidas com todo o rigor.
Tive oportunidade de participar de inúmeros manifestos e passeatas, que pipocavam por todas as causas.
Reivindicações de operários, de mulheres, de estudantes, de intelectuais, cada qual com suas premissas, mas todos lutando por condições mais dígnas, igualdade de direitos, liberdade de ir e vir.
Certa vez, na esquina da Rua Treze de Maio com Santo Antonio,na Bela Vista, tomava minha cervejinha, sentado na calçada, entre a turma de 'malucos'que apinhava o 'Bixiguinha', como era chamado o bar, e de repente passa uma viatura e atira uma bomba de gaz sobre as pessoas. O maior corre-corre, e naquele atropelo, meu amigo recebeu a fumaça bem no rosto, o que causou-lhe graves problemas nas vistas. Conseguí me safar.
As arbitrariedades se sucediam incansáveis.
O supra-sumo do ridículo, no entanto, foi para mim o delegado Richetti, que, durante seu reinado, mandava fechar quarteirões inteiros, colocando viaturas nas esquinas, e prendia todo e qualquer um que estivesse pela rua.
E então foram as 'Diretas Já!', 'Caras Pintadas' e estava enterrada a ditadura.
Agora conheceríamos a democracia, poderíamos andar despreocupados a qualquer hora e lugar e votar para presidente, que não mais seria um militar. Vivas!
Agora o povo teria voz.
E quando estavam o Collor e o Lula na disputa do cargo, cansei de ouvir mulheres dizendo: - 'Vou votar no Collor, pois o lula é muito feio. O collor é muito mais bonito'. E homens que diziam:-'O que que este peão pode saber de ser presidente? Vou votar no Collor, que sabe dar um mais bonito em sua gravata'.
Deu Collor. E o nó bonito que o Collor deu, foi no dinheiro do povo, que até hoje não sabe bem para onde foi o dinheiro. O gato comeu.
De lá para cá, as coisas ganharam outra cara. O descaramento tornou-se notório, e todo dia um novo escândalo de corrupção e roubalheira anima o noticiário.
Certos políticos adquiriram a coroa e a faixa de 'ladrão', de forma muito especial.
O Paulo Maluf, por exemplo, trás seu slogan criado por seus próprios eleitores: 'Ele rouba, mas faz!'... e lá vão e votam nele.
Sei que o que precisa de sérios ajustes é o sistema, em sua base. As leis é que precisam deixar de sustentar os vícios dos oportunistas, sequiosos por poder(leia-se, dinheiro fácil).
Mas, creio que seria muito mais significativo, se o próprio povo tomasse consciência da situação e de sua responsabilidade, e participasse da vida política com mais noção.
Mas esta consciência está muito na dependência da informação e da educação que tenha o povo,e a educação do povo depende das diretrizes do governo...
Ora, o governo se baseia no voto popular, mas o governo não prepara o povo para a realidade, não toma medidas elucidativas e deixa os brasileiros mergulhados em suas crendices, sem a menor condição de discernir a substância da aparência.
É quando se volta a sentir num beco-sem-saída...
Fica-se na dependência da escolha da população.
Então me lembro da velha passagem de Pôncio Pilatos, perguntando ao povo sobre sua preferência entre Jesus e Barrabás.
Aquele povo que tinha sido roubado, agredido e desrespeitado por Barrabás e que tinha sido alimentado e curado por Jesus, preferiu libertar a Barrabás.
Então pergunto, a vóz do povo não será a voz do Demo?

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