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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Pai do Rock

No princípio era o Frank Sinatra, um paletó bem cortado,cabelos engomados, voz muito bem colocada e jeitão de moço bem comportado.Coitado!
Quando explodiu Little Richard, muita gente viu,que era o fim do mundo.
Mais uma vez a Igreja Católica apontaria seu dedo,querendo encontrar ali o rabo do Diabo.
Na verdade o estrondo já vinha de uma explosão,que já tinha abalado o gueto. Já era a nova onda há um bom tempo e deixava claro que era puro poder.
Richard definira, em seus shows no gueto,uma nova música, o Rock, e além de estabelecer novos limites para a execução da guitarra, para como cantar e para o mis-en-cene,transbordou seu comportamento enlouquecido para o povo, que se via tomado de uma mania, e começava a reproduzir no comportamento social uma nova maneira de se relacionar com o mundo.
Era uma nova era.
O fim das vozes sedosas, apaixonadas e dos galanteios espirituosos.
Nada do comedimento do fox-trote, nada do chove-não-molha dos slows.
A juventude parecia endiabrada. O rapaz jogava a moça para o alto, e ela ficava de cabeça para baixo e pernas para o ar.Só podiam parar no Inferno...
Mas todo aquele frenesí não gerava somente polêmica e protestos da sociedade apavorada. O rebolado desnorteante, os gritos e desvarios no meio da música eletrizante,tudo aquilo rendia muito dinheiro.
Os artistas negros tinham as costumeiras dificuldades para descolar um espaço em gravadoras e casas de shows do lado dos brancos, e era lá que estava o grosso do dinheiro.
Mas Little Richard fez ecoar seu sucesso de tal modo, que chamou a atenção dos produtores brancos. "como fazer para a população branca consumir aquele negro descomposto,esquisito,espalhafatoso,exagerado,que seria um péssimo exemplo para a promissora juventude americana?"
A história daquele rapaz não foi mais tranqüila que o rítmo que ele lançara. Rivalidades,competição, puxadas de tapete,adversidades que poderiam tê-lo calado.
As gravadoras do gueto estavam faturando tudo o que podiam,as casas onde os negros podiam entrar não davam conta do público, que as lotava todo fim de semana, onde quer que ele fosse.
Pois os produtores brancos trataram de trabalhar, e acharam aquele que poderia produzir o mesmo efeito que Little vinha causando.
Elvis Presley.Perfeito!
Bonito, saudável, uma voz poderosa e aquela gana natural de um rapazola enfastiado de uma vida militar e dos gospels sentimentais do coral da igreja, diante da possibilidade de realizar todos os seus delírios de artista.Um contrato. Shows,sucesso,fama e dinheiro.Não deu outra.
Ele foi lá e caprichou.O topete,a jaqueta,o rebolado, o susto. Fez tudo direitinho.foi aclamado o Rei do Rock.As produtoras se deram bem.Ele,talvez,não tenha encontrado tudo como sonhara.
Ao redor do astro maior, que é Little Richard,uma miríade de grandes estrelas viria formar a constelação do Rock'n'roll: de Michael Jackson e Prince a Jimmy Hendrix ou Raul Seixas. Todos seguindo aquela cartilha da irreverência,do absurdo,do enigmático,do chocante e do sensual,tudo junto.
Não seria a única vez que um artista seria produzido para preencher uma lacuna mercadológica.
Pelas mesmas questões surgiria Daniela Mercury, no Brasil,para fazer frente ao movimento estrondoso que surgiu no Curuzú,Salvador,e que despontava com um grupo negro, a Banda Reflexus,em que a vocalista negra não conseguiria arrancar a grana da classe-média do sul do pais.O sambafro virou axé music.Mas, esta é uma outra história...

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