Comovente, como as coisas mudam! Ou como mudam as coisas, como as coisas podem mudar...
Comovente ver uma cidade parar... ou quase!
Mas, como São Paulo não pode parar, todos vão para a parada.
Parece Aparecida. Uma ótima oportunidade para ganhar dinheiro ou gastar.
Como não ficar comovido com as ações policiais?
Quero dizer, com os cuidados...
Todo mundo vai, para o trânsito...
Quando o delegado era o Richetti, era só fechar duas esquinas e prender todo mundo...
Nem havia o termo guei, falavam bicha.
Iam presos os que pagavam e os que recebiam.
Perdia-se,só, uma noite...
Escapavam os que se escondiam ou iam para outros lugares.
Como pagar a fiança, se eram vadios?
Logo cedo as ruas enchem. Paulista e arredores.
As proibições e desvios são avisados.
Parece a vinda do Papa!
Ninguem fica parado: de todo lado, o que importa é aparecer.
Para aproveitar, todo mundo faz sua reivindicação.
Mistura-se tudo: homossexuais, donas-de-casa, militantes, repórteres, curiosos...
Ninguem é desocupado. Nem os skin-heads podem matar mais.
É uma grande festa! Câmeras por todo lado, fotos! O momento pode ser eternisado...
Arcos-íris enfrentam a poluição e contrastam com o cinza da cidade.
Acontece tanta coisa naquela Parada!
Ninguem ligou para as brutalidades do delegado, ele só estava garantindo seu salário...
A Parada pode ser animada, mas, nada vai mudar...
Fizeram inúmeras passeatas, lembrando o 'direito' de ir e vir...
Fala-se em igualdade, mas, o que vale é fazer a diferença!
Qual será o próximo percalço?
antipoema para a literatura branca brasileira
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por uma literatura de várzea
por uma literatura lavada de notas de pé de página
por uma literatura sem seguidores
por uma literatura não endogâmica...
Há 3 anos