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sexta-feira, 12 de março de 2010

O animal humano não é o centro de nada

A marca que diferenciou o bicho-homem das outras espécies de animais e de seres vivos em geral foi a dúvida. Desde sempre, por não conseguir entender nada,a criatura que se pôs de pé,sobre suas duas patas,curvou-se em especulações,elaborando toda sorte de teorias para explicar de onde saiu, e justificar-se a si mesmo.
Criaram-se muitas histórias,mais ou menos ricas,conforme o caráter mais ou menos inventivo do povo que as criava. As cosmogêneses são as histórias sobre a criação do mundo e as antropogêneses são as explicações para o surgimento do homem.Estas composições vão servir de base para o que se chama religião,que é a adoração dos entes que teriam sido responsáveis por aquelas criações, e a forma de entrar em contato com eles.
Na Índia surgem relatos de aventuras românticas e empolgantes, com personagens fantásticas, meio gente, meio bicho, cheias de paixão.
Os gregos,tão afeitos ao abstrato,criam o Caos, e dele tiram um mundo povoado de monstros terríveis e deuses esplendorosos.
Os judeus,mais sisudos e misteriosos,criam um deus à sua imagem,barbudo e vingativo,sempre tomando conta de um casal ingênuo,cuja função nunca foi clara, pois eram proibidos de completar a criação. Mas o deus se distrai, e é vencido pela perfídia de uma serpente... Espragueja a humanidade, mas ela surge assim mesmo, contra sua vontade, a partir de um único casal!...
É curioso como estas histórias,que pretendem explicar a vida,e querem estabelecer a ordem,servem de argumento para a guerra e a morte, sempre que um povo invade o território de um outro e quer dominá-lo e explorá-lo.
Entretanto, a mais danosa dessas crenças talvez seja a de que o ser humano é a obra-prima da criação,centro de tudo, para o qual tudo o mais teria sido criado. Com isso ele se viu no direito de ir acabando com tudo.
É muito fácil perceber que o ser humano não é uma obra-prima, está longe da perfeição, e não é o centro de nada.Neste postulado o que ressalta é a vaidade do bicho-homem, sua presunção, sua empáfia.
Entre a dúvida e a vaidade, achou-se por bem estabelecer o ser humano como o único animal que tem consciência. Mas ele não consegue compreender que todo ser vivo tem consciência de si mesmo e do meio que o circunda, numa superposição de inúmeras dimensões de consciência.Só agora estão começando a 'achar' que os outros animais têm sentimentos...
As flores todas se voltam para o Sol, pois têm consciência da luz e da necessidade que têem dela.Eis a consciência de que precisam em sua realidade.
A germinação ocorre de uma fermentação, uma reação química entre diversos elementos. A vida prolifera como uma espuma ou um bolor. Mas o homem quer para si uma origem divina e não admite seu caráter finito de nenhuma maneira.Quer ser metafísico, eterno.
Esquecem que até sua pele é incompleta e insuficiente,o que os leva a tirar a pele de outros bichos,muito melhor equipados, para se agasalharem e se protegerem do mundo.
Não reparam na tecnologia envolvida na construção de uma maloca de marimbondos,pendurada num galho,suspensa no ar,capaz de abrigar uma população enorme e à prova de qualquer intempérie, como nenhum arquiteto ousaria sonhar, ou engenheiro arriscaria autorizar que fosse construída.
O trabalho da aranha, confeccionando suas teias, só é menos assombrosamente perfeito do que a constituição do próprio fio de seda que ela produz em seu organismo: matemática e química em um ponto extremo de precisão e eficiência. As abelhas conhecem o segredo de fazer mel,muito bem apelidado de alimento dos deuses,e ainda manipulam a genética, num tal nível, que garantem um seguro planejamento populacional e inabalável harmonia nas relações sociais. Você nunca verá uma abelha deprimida ou uma formiga revoltada, em greve. Mas ele, o 'homo sapiens' insiste que é a criatura superior jamais criada.
Tudo bem, que empata com as formigas no fato de destruir a fonte de onde tira seu sustento. As formigas podiam cortar as folhas e deixar os brotos lá, mas devoram tudo, pois como os humanos, elas acumulam só para si, e confiam que encontrarão mais,sempre. Acabam matando a planta...
Depois de muito perscrutar sobre a questão de sua origem, acabaram diluindo um pouco da pretensão,e concluíram os humanos, que deviam ser descendentes de macacos, baseados agora em pesquisas, estudos e análises bem mais críticos, a que chamam Ciência.Reconheceu-se, pelo menos, que o bicho humano é,apenas um animal.Mesmo dependendo de outros para quase tudo, e sendo muito mais agressivo que todos os demais, o homem nada mais é que um animal, mais um entre tantos.
Ainda há a argumentação do instinto, que seria o motor das ações dos animais, contrapartida da consciência humana. Mas se o instinto fosse tudo, como é que os animais enclausurados pelo homem mudam seu comportamento,'acostumam-se' a receber ração e não se readaptam a seu ambiente natural? Perdem seu instinto ou adquirem uma nova consciência de realidade?
Alguém me disse que o cão comporta-se em função de um entendimento seu, de que ele é responsável pelo seu espaço e por quem vive a seu lado, como se ele fosse, na verdade o dono que tem que tomar conta das coisas.Em sua consciência ele tem certeza de que ele é o centro daquele mundo. Talvez ajudasse o ser humano, se ele tomasse Consciência das minúcias maravilhosas que estão por toda parte, à sua volta.
Somos todos do gênero animal,a única diferença é que os outros não têm dúvidas,não inventam histórias, nem precisam fazer roupas.

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