# Uma vista de baixo para cima

do mundo em que vivo e da vida que levo #



Quem sou eu

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São Paulo, São Paulo, Brazil
Mais um
Não tenho medo de demônios, mas, corro dos que acreditam neles.







Avanço

Avanço
para algum lugar

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Mercadão

Quando o ônibus circundava o Palácio das Indústrias, sentia-se grande satisfação.
Estava chegando o ponto-final,era o fim do sofrimento.Ia-se muito cedo enfrentar várias filas para conseguir uma boa colocação para ir pela Celso Garcia,por mais de uma hora,até o centro.
Na época,ali era o Primeiro Distrito.
Eu trabalhava na Serasa,na Rua 15 de Novembro:era só subir a ladeira General Carneiro e virar à direita.Eu era arquivista.
Aquilo tudo me parecia imenso e me impressionava,mas meu encanto era mais embaixo:Rua 25 de Março.
Havia muitas lojas de tecidos e os tecidos eram maravilhosos.
O movimento era grande,mas eu procurava lembranças da infãncia:
Queria achar a Papescu,cujos saldos atraiam há muito,tanto minha mãe,como minha tia.Queria os amendoins ou os pedaços de coco,caramelados, que minha mãe nos dava,quase todo dia,quando chegava do serviço.Queria raleu...
Descobri o Mercado e adorei.
Para mim,é ali o centro da vida.
Sempre que posso,vou ali comer meu doce e comprar chancliche.
Nunca vou esquecer,quando passei,com a Sueli,atrás do mercado.
Lá dentro, podem-se encontrar belissímos exemplares das frutas mais incríveis,vindas de longínquas regiões do Brasil coisas sofisticadas,do mundo inteiro.
Nos fundos,várias pessoas disputando o que podiam aproveitar dos restos do mercado,jogados em latões por funcionários de algum dos muitos 'boxes'.As mercadorias precisam estar perfeitas para serem compradas.
Pensei nos coitados que só vivem sob complexos cuidados,vendo aquela gente que não morre de jeito nenhum,mesmo comendo o que cata no lixo.
O Mercado Municipal de São Paulo é enorme e antigo,tendo passado por sérias reformas.Mas é lindo e inesquecível.

domingo, 6 de novembro de 2011

Natureza

Chamou-se de Natureza a tudo além do ser humano.
É bom lembrar que os seres humanos,como os outros animais,tambem fazem parte da Natureza.
Muitos nomes foram inventados para denominar as muitas divisões que foram feitas.
As divisões facilitam o entendimento,mas, na Natureza, as diferentes coisas estão entrelaçadas sem se misturarem e sem poderem ser separadas.
Tudo passou a ser analisado.O que ninguem podia explicar foi chamado de 'mistério'.
As interpenetrações e dependências produzem outras coisas,com aparência diferenciada,mas presas à mesma corrente.
Por mais que alguem se sinta solto,faz parte de uma família,tem necessidades,serve para alguma coisa e, como tudo que existe,acabará. Cada coisa a seu tempo,lembrando que nada pode ser comparado,pois tudo parece muito diferente.
Até as aparentes destruições produzidas teem suas conseqüências.
As coisas nunca desaparecem,só se transformam em outras coisas.
Depois da morte,muitos se tornam eternos.
Algumas coisas foram imitadas por serem belas,outras serviram de inspiração.As coisas úteis sempre foram tomadas.Muita coisa foi jogada fora por não despertar interesses naquele momento.
Na busca de melhor aproveitar os recursos encontrados,uns exploravam e outros eram explorados,mas sempre houve tanta riqueza,que nunca se poderá saber de tudo.
Enquanto imensos projetos de dominação vão sendo desenvolvidos, as coisas continuam funcionando e, por pior que tudo fique, a população continua aumentando.
É a Natureza!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Para Viver

O cigarro Minister era oferecido para Pomba Gira,pois,diziam,era o que ela gostava.
Eu era office-boy e,passando por uma encruzilhada em Cerqueira César,achei o maço aberto.
No sábado,com a família toda reunida,entrei pela cozinha,com um cigarro aceso:
"Não estou pedindo,estou avisando:estou fumando!"
Era uma afronta,pois fumar era uma das coisas que se tinha que pedir.
Mas as propagandas davam forças suficientes para encarar represálias.
Dizem que o feto já exercita a sucção,útil para o sucesso no mamar e vital para ele se dar bem com a chupeta e as balas.
Também dizem que os humanos fumam desde priscas eras...
Cada povo aperfeiçoou um modo.
Assim como os trajes,o ato de fumar podia dar dignidade,ou seja, não era para qualquer um.
Podia-se,simplesmente,mastigar folhas,mas,era uma honra convidar alguém para entrar na roda e partilhar o cachimbo-da-paz.
O ato sempre teve,também, seu caráter particular, sendo a prática individual muito forte e o aspecto distintivo bem marcado.Existem peças em sabugo de milho ou barro,mais acessíveis e peças sofisticadas,destinadas aos usuários privilegiados.
Descobriu-se que o tabaco e sua fumaça contem elementos químicos viciosos e mortais.
Agora...
Muito se gastou para convencer mais gente das vantagens que cada marca podia proporcionar.
É como emagrecer.Para conseguir dinheiro,vale tudo;besta de quem cai!
Não insista,senão será discriminado!

domingo, 2 de outubro de 2011

Pompeu

,Dizem que,artisticamente,ele é Antonio Pompeo...
Para mim ele é o Zumbi.
Depois que ví o filme Quilombo,cujas personagens já me seduziam,Zumbi será sempre lembrado como o Pompeu.
Ruth de Sousa,Toni Tornado,todos ficarão como emblemas.
A Dandara,vivida pela Zezé Motta,será,sempre,meu modelo de guerreira.
Tudo me pareceu tão autêntico! E todos fizeram vários outros personagens...
A história é muito importante!Pouco difundida,mas,importantíssima!
Até a Vera Fischer participou,lembrando que não só negros fugiam para Palmares:
todos que discordavam daqueles costumes,encontravam em Palmares o apoio que lhes faltava.
Além das exigências de todo dia,tinham que se defender dos ataques.
O mito da imortalidade de Zumbi foi muito bem representado em sua morte:
Pompeu convenceu tanto naquela cena,que me deixou triste.
A desolação só pode se comparar com a surpresa e a satisfação que tive ao vê-lo:
Vívissímo,e tão discreto,em 1988,na Assessoria Afro.
Com um projeto, o Ministério da Cultura comemorava os 100 anos da Lei Áurea...
Trabalhavámos para a Secretaria de Estado da Cultura,que foi,para mim,uma experiência muito rica,mas,o apogeu,seria a apresentação,no Copan,de expoentes negros internacionais.
Sabemos que a lei agradou muito aos ingleses e que,para os negros,o fim do cativeiro e da chibata significaria o abandono e a discriminação.
Mesmo assim,Kizomba foi inesquecível,uma grande festa.
Não posso esquecer o Pompeu,vivendo Zumbi,levando vários tiros,para cair e morrer,e não posso esquecer tanto empenho para fazer com que aquele centenário
fosse inesquecível.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Como esquecer dos pequineses?
Todo mundo tinha.Quer dizer,quase todo mundo!
Famílias inteiras.
Não impregnavam as casas com nenhum cheiro!
Eram bravos e peludos.
Aqueles focinhos chatos e os olhos arregalados lhes davam graça,mas,nada como o rabo...quanto mais curvo e peludo melhor!
Tambem davam-lhes números:0,1,2,3,...
Os menores eram mais procurados.
Além dos tacos brilhando e da cristaleira, não adiantava encher a varandinha de samambaias com antúrios embaixo, se vários pequineses não se empoleirassem no sofá.
Ter um pequinês era como ter televisão...
Diziam que os dentes ameaçadores e as remelas eram próprios da raça: ninguem ligava.
Quando se dizia que era'legítimo',tudo era perdoado.
A moda passou.Vieram os chiuauás, os púdous,os chiátissus...
Ainda não punham lacinhos nem tingiam os bichinhos,mas,já significavam muita coisa.
Carregar um cachorrinho(o mais minúsculo e peludo possível) nos braços e poder dizer'é meu'deve dar um prazer enorme,pois chegaram novas raças,mas,não se substituiu o ato.
Dizem que um cachorinho dá menos trabalho que um bebê e ainda toma conta da casa e,sendo,mesmo,de raça,não cresce nem desobedece.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A cabeça é a primeira, depois vai-se formando o corpo, de acordo com as necessidades.
Em alguns seres, um apêndice móvel é suficiente.Outros desenvolvem membros. Alguns perdem o rabo...
Muitos orgãos são vitais,estando no corpo desde sempre,outros se completam depois.
O desenvolvimento do corpo é seu crescimento e seu declínio, processo que começa antes do nascimento e prolonga-se após a morte.
Enquanto alguns orgãos se desenvolvem, há partes que vão se salientando.
Os dentes podem ser substituídos, para enfrentar novas demandas, e os cabelos podem mudar de cor.
O corpo garante uma existência,mas a reprodução da espécie é garantida pelos orgãos sexuais.
Para os humanos,isso é muito importante.
Os orgãos sexuais,quero dizer.
Ao nascer, todos são muito parecidos,mas os orgãos sexuais são definitivos.
Se o orgão for externo, é um macho;se for interno, é uma fêmea.
A forma de existência daquela criatura será definida naquela hora.
O comportamento dos progenitores será guiado por ali,bem como o comportamento
do ser criado.
Há uns que estabelecem as cores e o emblema que o nascituro deverá cultuar,há aquelas que põem rendados vestidos nos filhos.
Algumas coisas não mudam,por isso, alguns homens viajam para a Europa para voltarem com seios mais vistosos, atraindo,assim, mais clientes e podendo cobrar mais.
Há cinturões de borracha especial, com enormes pênis eretos,para satisfazerem homens e mulheres.
Como tudo que é vivo,o corpo tambem vai se deteriorando,antes de desfazer-se.
Chamam a esta fase de velhice.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Há muito tempo,o planeta era habitado por bichos enormes!
Eles não questionavam nem de onde vieram nem para onde iriam.
Mas,ficaram seus ossos,para não haver dúvidas de que existiram.
Desapareceram por serem muito grandes e não encontrarem alimentação suficiente...teoria discutível que não cala a celeuma sobre o assunto.
Há fósseis de criaturas pequenas da mesma época e há seres vivos que só puderam ser explicados,depois que suas semelhanças com 'supostos' habitantes arcaicos foram percebidas.Há muitas teorias.
Darwin passou à posteridade ao propor uma 'evolução'
É preciso entender que o tempo envolvido aqui é muitíssimo maior que o tempo de uma existência.Uma evolução dependeria de vários fatores e gerações para se efetivar, mas, como seria um processo, não teria um começo estabelecido nem uma conclusão.
As aves teriam sido répteis.
Fato é que, hoje,não há dinossauros, a não ser em obras que usam este tema. Aliás, pode-se auferir grandes lucros com a exploração do interesse que o tema suscita.
Importante é saber, que os dinossauros tornaram-se inviáveis.
Existiram por milhares de anos. Apavoravam.
Os seres humanos também não desaparecerão, mas, terão muito que mudar. Mais ainda. É a evolução.
Agora, vou parar um pouco, pois sinto que preciso comer alguma coisa...

domingo, 14 de agosto de 2011

Nem dava para sentir o frio daquela hora. Me enrolava mais nas cobertas, fingia que ainda dormia e ficava só escutando...
Cheiro do café, no coador, do pão fatiado, tostando, na frigideira...
Minha avó só usava leite-em-pó, que ela 'batia' em água bem quente, na hora de misturar com o café. As canecas já estavam craqueladas e podiam ter alguma lasca na borda.
Enquanto eu tomava o delicioso café ( meio frio) com pão torrado, ouvia o rádio: nem chiava!
Aquelas músicas já soavam desde que eu estava debaixo das cobertas.
Saudosas melodias de violas e violões, as músicas caipiras eram, algumas, acompanhadas de sanfona e tinham uma falsa inocência e muita verdade!
Não se podia falar nada: era 'falta de respeito' falar na hora da comida e minha avó, D.Alzira, queria ouvir o 'ispique'( que é como ela se referia ao 'speaker').
Então, ele repetia:"É o Zé Bétio!", e tocava mais uma música.
Em casa, era bem diferente!
Tinha-se que 'pular da cama' logo.
O leite era fervido e o pão era comprado na venda da D.Cida.
Cada um cortava uma fatia da 'bengala' e passava margarina.
Normalmente, a casa ficava vazia, pois saia-se para trabalhar.
Mas, é inesquecível o som do rádio.
Crimes, mortes, coisas comuns, tudo contado com mestria.
As histórias eram permeadas por muito suspense (muito em moda)e ficavam melhores pela entonação. Só havia relaxamento, quando se ouvia:
"Gil Gomes lhes diz: Bom dia!"
A pausa podia ser mais curta ou mais longa, conforme o suspense da história ou o efeito que se pretendia.
Era incrível a seriedade, durante a pausa, e a prontidão com que tudo continuava.
O jornal 'Notícias Populares' se incumbia de manter aquele clima.
Entre guarânias e boleros, não existiam os 'video-games', os pais tinham que espancar os filhos e ir à missa todo domingo.
Alguns não iam, mas, chamavam os mais assíduos de 'carolas'.
Ninguem falava nada.
O rádio estava sempre ligado.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Banzo

Falam que'os escravos comiam terra até morrer' por banzo.
Dizem, tambem, que 'saudade' é uma exclusividade do português(a lingua).
Mas saudade não é um idiotismo legítimo, pois há equivalentes em outras linguas.
Fala-se da nostalgia dos negros,afastados de sua terra...
Há mil interpretações!
Segundo a Igreja Católica, os negros não tinham alma.
É, mesmo,muito difícil definir sentimentos, mas, talvez, ficasse mais fácil, se
se perguntasse, a outros escravizados, o que sentiam.
Sim, pois todos os prisioneiros de guerra eram escravizados!
Pode-se supor que tal realidade fosse insuportável...
Há os que dizem que aquelas pessoas, afastadas de sua origem, comiam terra para sentir maior proximidade...
Os senhores deviam ficar arrasados, pois tinham um tremendo prejuízo!
Não que houvesse grandes despesas com enterro.
Aliás, tambem eram pequenos os gastos com o angú.
Mas, perdia-se uma propriedade! Pagava-se muito por uma nova peça...
Os bebês paridos por escravizadas eram escravos, mas, talvez, para não ter gastos com a criação, eram logo vendidos: ganhava-se algum dinheiro e não se o tinha que criar...
Muitos fugiam, pois preferiam enfrentar as adversidades do lugar estranho.
Até, pode-se chamar o 'banzo' de nostalgia ou 'saudade mórbida', como alguns preferem, mas a atitude tinha um defecho radical.
Podem-se buscar várias explicações, mas, terra era tudo de que dispunham.
De qualquer modo, tinha-se que ter muita coragem,já que a morte não era imediata e,embora agüentassem penúrias,não se pode afirmar que alguem,tratado com tal violência,deixasse de sofrer.
Para fugir de uma existência inglória,ia-se ao encontro da morte!
Daquele jeito, para não viver, era melhor morrer...Será que sentiriam saudade do lugar em que poderiam ser capturados para serem vendidos?
Talvez,quisessem voltar a velhos costumes ou soubessem que a liberdade era só uma ilusão...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Nheengatu é o nome da língua falada pelos Tupi.
Por trezentos anos foi a lingua-geral do Brasil!
Quando os Tupi tentavam reclamar de alguma coisa, eram ridicularizados; assim estabeleceu-se a expressão 'nhem-nhem-nhem'.
Ficou chamada de Bela Lingua...
Depois, foi imposta a lingua portuguesa (usada só pelos recém-chegados) mas, ainda há quem desconheça a novidade, conhecendo a velha forma de falar!
Embora seja mais fácil localizar,no dicionário, palavras e frases francesas,italianas e japonesas,usadas livremente, pouco se fala do nheengatu.
Em Guaianazes ou Guarulhos, em Itaquera ou no Ibirapuera, a dúvida será sempre a mesma.
Sabe-se que, a Lingua Portuguesa resultou do latim-vulgar, falado pelos soldados, quando os latinos invadiram a Ibéria, mas, como seria a lingua falada por aqueles povos?
E há quem se incomode com o 'gerundismo'...Querem recriminar o povo francês, por sua antipatia...
É o mesmo que criticar o duplo-sentido das músicas saídas da Bahia ou querer discutir as destruições provocadas pela construção da usina de Belo Monte!
Curioso é o orgulho, em citar que, num território tão grande, como o brasileiro, com tantos analfabetos, uma única lingua seja comum...
Pior são os modismos!
Uma Lingua é uma lei, baseada num modo de falar.Assim, a Lingua Portuguesa não é respeitada nem em Portugal. As reformas são facilidades políticas...
Apesar da necessária lógica para se organizar, a mentalidade que determina os fatos lingüistícos não muda com mudanças no uso dos fatos.
Liberdades serão sempre tomadas, por força,física ou econômica: se,uma Lingua estabelece uma pronúncia para uma representação de um som, deveria ser respeitada,mas, como dizem, que,no Brasil, uma lei pode 'pegar' ou não...
O 'S', entre vogais, por exemplo, será sempre lido, em alemão, com o som do'Z', português, mas, no Brasil,há maior versatilidade.
Até o machismo, acusado na Lingua Portuguesa, é questionável, já que existem os substantivos 'comuns' de dois gêneros.
Realmente, é muito mais fácil mudar uma lingua, que a mentalidade que a forjou. Há um espaço, entre liberdade e autoritarismo. Só se atinje as letras,se entender-se um direito.
Lembremos que, modismos ocorrem para privilegiar necessidades, mesmo, contrariando regras envelhecidas.
Qualquer dúvida, vejam-se os nomes, que alguns teem que carregar, a vida toda, pois os pais puseram ou o caso das acentuações, nas palavras da nossa lingua.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Clara nunes

Ela fazia-me encher o peito!
Dava uma força...
Gastava energia em qualquer discoteca, mas aquela ginga, nem esperava...
Dizem que a idéia era uma nova Carmem Miranda,que tocasse o país inteiro e fosse internacional...
Poderosa como um ráio e penetrante como a água de um riacho,ganhou o primeiro lugar
com a interpretação de Sabiá,música de Chico Buarque,e ficou conhecida com o apelido de 'sabiá'.
Muitas imitaram, mas ela era tão brasileira...
Foi arrancada de seu solo,mas logo cantou as agruras do sertão.
Sua história é comum, sua luta também.
Sua vóz era possante, seu repertório belíssimo,e seu sorriso, inesquecível!
Numa hora, em que eu buscava minha verdade, fugindo daquilo que era imposto, ela era como uma luz.
Clara!
Nada de versões! Os compositores podiam trabalhar com maior tranqüilidade.
Só ela podia cantar tão bem um samba-de-enredo...
Falava-se, que o Brasil era um arco-íris...
Certo estava o Caetano, que já era sucesso,musicando o dito 'cada macaco no seu galho'.
Clara cantava Luis Gonzaga, Chico Buarque, Adoniran Barbosa. Era primorosa!
Cartola e Nelson Cavaquinho já brilhavam, quando ela trouxe a claridade que faltava...
Como esquecer da vida e da malícia daqueles batuques?
Claro que,como grande artista,havia uma super-produção, mas ela foi mais longe, para além do planejado!
Como ela mesma apontava,era afilhada-artística de Elizeth Cardoso,mas a madrinha é que foi chorar sua despedida.
Clara foi operária,modelo,cantou versões...
Vendeu mais discos que outros daqui e fêz sucesso no Japâo...
A umbandista fêz permanente, mas falava de africanidade com tamanha propriedade, que é adorada até hoje.
Naquela época, eu queria ter asas para não ser crucificado, ainda nem sabia que vivia uma ilusão.Todos cantavam músicas com tema umbandista,até quem não tinha nada a ver.
Mas'quem me vê sorrir,não há de me ver chorar', por isso vejo o brilho daquela estrela e sei que aquela luz há de iluminar muito mais longe!
Além do sucesso, Clara será entendida!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Comovente, como as coisas mudam! Ou como mudam as coisas, como as coisas podem mudar...
Comovente ver uma cidade parar... ou quase!
Mas, como São Paulo não pode parar, todos vão para a parada.
Parece Aparecida. Uma ótima oportunidade para ganhar dinheiro ou gastar.
Como não ficar comovido com as ações policiais?
Quero dizer, com os cuidados...
Todo mundo vai, para o trânsito...
Quando o delegado era o Richetti, era só fechar duas esquinas e prender todo mundo...
Nem havia o termo guei, falavam bicha.
Iam presos os que pagavam e os que recebiam.
Perdia-se,só, uma noite...
Escapavam os que se escondiam ou iam para outros lugares.
Como pagar a fiança, se eram vadios?
Logo cedo as ruas enchem. Paulista e arredores.
As proibições e desvios são avisados.
Parece a vinda do Papa!
Ninguem fica parado: de todo lado, o que importa é aparecer.
Para aproveitar, todo mundo faz sua reivindicação.
Mistura-se tudo: homossexuais, donas-de-casa, militantes, repórteres, curiosos...
Ninguem é desocupado. Nem os skin-heads podem matar mais.
É uma grande festa! Câmeras por todo lado, fotos! O momento pode ser eternisado...
Arcos-íris enfrentam a poluição e contrastam com o cinza da cidade.
Acontece tanta coisa naquela Parada!
Ninguem ligou para as brutalidades do delegado, ele só estava garantindo seu salário...
A Parada pode ser animada, mas, nada vai mudar...
Fizeram inúmeras passeatas, lembrando o 'direito' de ir e vir...
Fala-se em igualdade, mas, o que vale é fazer a diferença!
Qual será o próximo percalço?

domingo, 10 de julho de 2011

Artemis e Diana

É comum,confundir-se Artemis e Diana.
Basta lembrar que gregos não eram romanos.
A Lua era adorada, por ser incompreensível,por todos que a viam, nos lugares mais remotos e nos tempos insondáveis.
Esbranquiçado ou brilhante, aquele astro sempre foi admirado, sempre fascinou!
Das incertezas provocadas surgiram variadas crenças.
Os bantu viam-na como tendo duas esposas: uma nutrindo-a muito e outra deixando-a com fome. Quando bem alimentada, a lua crescia; se mal alimentada, a lua minguava...
Os romanos adoravam a Lua e ligaram a ela a deusa Diana.
Diana, a caçadora.
Quando invadiram a Grécia, foi mais ou menos como quando os daomeanos entraram em terras yoruba...
Até hoje, ainda tem gente confusa!
Artemis era uma deusa grega: irmã gêmea de Apolo.
Como os outros povos, os gregos tambem adoravam seus deuses, com oferendas e festas. As festas em honra à deusa-da-lua chamavam-se Artemísias.
Há um 'ponto' de Umbanda, que diz:-"Oxossi mora na lua..."
A alimentação sempre esteve ligada à subsistência, por isso havia grande alegria com a volta dos caçadores. Os homens voltavam e traziam comida...
A flexa de Diana era certeira como a de Artemis!
Como pode, a 'protetora' das selvas matar animais selvagens?
É que, mesmo sentindo grande prazer ao retesar seu arco, a caça só ocorria para saciar a fome.
Muitos poetas se inspiraram no distante astro, nas crenças correlatas e nas divindades associadas a ele, criando belas obras.
Diana é um nome latino, que chegou ao Brasil, mas, muito usado em toda parte. Lembremos da inglesa, que se casou com um príncipe, mesmo sendo plebéia.
Não confundir com as amazonas, que queriam ser tão exímias com o arco, e, tambem evitavam os homens...

sábado, 2 de julho de 2011

Dia do Filho

Talvez, uma data alusiva ajudasse esses coitados, apesar que o Dia das mães não garante que as mulheres não sejam espancadas.
É verdade que um dia só é marcante se superar, em lucros, o 25 de dezembro.
Aliás, já inventaram, quer dizer, já instituíram o dia das crianças. Esqueçamos a Grécia Antiga, quando filhos inadequados eram atirados morro abaixo... tambem, não falemos em quando se pegava o filho, que não obedecia, e vendia-se-o como escravo.
As coisas mudam! Hoje, só se for do sexo feminino, é que se pode encontrar um recém- nascido pelas esquinas..., se se for à China. Tanto que, diz-se, só haver dois tipos de mãe: as que jogam o filho no lixo e as que jogam-no na beira de um rio.
A curiosidade sobre o gênero do bebê tem seu fundamento, por isso inventaram a ultrassonografia.
Muito antes do nascimento, já se pode devanear sobre o que fazer com o que vai surgir. A mãe vai ensinar a menina brincar com bonecas, ou, o pai vai ensinar o menino jogar bola...
Os casais homossexuais podem pegar crianças, antes que sejam abandonadas...
Alguns se confundem: querem programar o filho, em fase de desenvolvimento.
Mas, um Dia do Filho, seria mais abrangente: talvez ajudasse, tanto àqueles que são
espancados, como aos que têm o cartão-de-créditos tomado, além de apoiar quanto aos nomes!
A total liberdade, que os pais têm, ao colocar o nome que querem (mesmo sendo ridículo) em seus filhos, advem da afirmação de que isto é um direito. Que seja um direito, poder redefinir o próprio nome (Se a criatura já puder avaliar tal tolice), com total liberdade.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Enfeites

Com tantas maneiras para se enfeitar,organizam-se os estilos, dividem-se tipos...
Falta de que fazer ou obra do acaso,mesmo os adornos pessoais caem naa regras gerais.
As mães sempre dizem que com suas filhas só 'combinam'cores bem 'suavezinhas'.
-Correntes?
-Bem fininha,(quase invisível),com miniaturazinhas bem delicadas.É claro que as filhas concordam.
O que pode dizer isto?
por trás das preferências, há tantos conceitos,(lembrança de fatos,desejos, pretensões,imposições).Parece que o mais importante é ser aceito.
Talvez,por isso,uma das formas mais comuns de protestar seja no uso dos enfeites.
Quando os homens começaram a usar brinco,foi uma loucura,quer dizer,o 'barato' era um brinco só.Depois,estabeleceram-se lados, mas,agora,dois,bem grandes e chamativos,é o 'esquema'
Há muito, que o que é conquistado é usado para representar o valor do conquistador.
O galo é que sabe,quanto dói uma pena...
Peles podiam salvar do frio.Quem não tem urso,fia lã!
Apesar de algumas mulheres,que saíam para caçar,os adornos serviram bem aos homens,no controle das mulheres!
No princípio,vivia-se do que se catasse.
Sempre estive atento à espontaneidade,e minha sobrinha,tão pequena,com uns três anos,a Priscilla, diz:' Não vejo a hora de ser grande!'
'Para que? -Pergunto curioso,olhando-a,tão linda.
'Para pôr tudo!Pulseiras,colares,salto-alto,tudo!'
Ela estava encantada pelo puro prazer que cuidar-se inspira.Certamente,ela não sabia a complexa gramática daquela linguagem... Para ser grande,deve-se crescer,e eu, não imaginava quanto ela já soubesse...
Algo que mostre a beleza e cause impácto.Nunca é esquecido quem olha.
Realmente,adornos podem significar sujeição,mas,além de liberdade,representam coragem,vitória. Uma tatuagem deve ser dolorosa e causar admiração.
Com tantos significados,enfeites acabam virando emblemas,distintivos,que podem abrir ou fechar portas.São senhas.
Algo que está oculto pode mostrar-se pelo que se porta,delírios,fantasias... mesmo que os artigos sejam dificílimos,caríssimos,trazidos de muito longe,ou até exagerados,ou de qualquer material.Valem os disfarces e fantasias.Viva o plástico! A grandiosidade nunca será confundida,tal a suntuosidade dos adornos.
Penas e sementes podem representar o poder de um pagé,como o ouro e as pedras preciosas,a qualquer custo,devem acompanhar a dignidade do faraó.
Valoriza-se o que mais se tem,ou se pode adquirir, o que é melhor.
Seja qual for a época ou a cultura,os enfeites são tão importantes como as coisas necessárias.
Não se pode sensurar nem a tara consumista das meninas de agora!
Há muito,acreditava-se nos poderes das coisas,formas,substância,cor.ativados,(claro!)junto ao corpo.
Partes importantes de alguem podem estar ligadas a pingentes,medalhas...
Num objeto pode estar o destino,a felicidade de uma pessoa, pois daquilo depende sua força e proteção. Eis um talismã,logo,há que se precaver...
Adornos podem encantar,pois podem ser sustento e podem levar à loucura.
Marcas,que sobrevivem ao tempo,podem guardar histórias antiquíssimas,que não eram para esquecer,mais que simples símbolos de poder...

terça-feira, 21 de junho de 2011

A Luz dos meus dias

Sua voz é insuperável. Ela, linda.
... Me apaixonei!
"Stop,look,listen" uma maravilha!
Ainda tenho os discos de vinil.
Veio a 'disco'
Ela está viva. Nada de mais...
Sempre será minha primeira diva.
Inimitável! Diana Ross
Achei péssimo o filme,lógico:
Billie Holiday é uma deusa, de história irreparável.
Diana é uma deusa, não pode ser outra.
Ela só podia fazer dupla com o Michael.
Eu era tão novo e já entendia.
A voz de Diana era puríssima e forte!
As coisas, de que falava, eu saberia logo mais... mas, já sentia!
Quanto sentimento! Quanta energia!
Fiz o que quis. Não quero mais.
Ela, sempre será maravilhosa.
Michael quis imitar sua beleza, como Acteão, encontrou seu destino...
Basta-me ouví-la e admirá-la de tão longe...
Diana é provocante,atraente...
Tanto talento teria que elevá-la tão alto!
É a maior e sempre será!
Para ser cantora tinha que cantar...
Diana dava um banho: dançava, era linda e ainda cantava!
Como, cada macaco deve ficar em seu galho, admiro-a de longe.
Só não posso afastar sua voz de mim.

domingo, 19 de junho de 2011

Barbaridade!

Bastava trovejar, era uma correria...
Cobrir espelhos,fechar rudo,protejer os bichos, esconder-se.
Ia chover!
Da porta da cozinha, minha mãe jogava o facão e o machado e gritava:
'Santa Bárbara, protejei este lar!'
Diz-se que, realmente, um objeto de ferro pode atrair um ráio, evitando que ele caia sobre a casa,oisa que soube, bem depois.
Mas, minha mãe se apegava mais à sua cúltura religiosa, do que à qualquer coisa que divulgassem.
A moça nórdica tinha que cumprir velhos costumes de seu povo, e isso era obrigação de seu pai. Justo ela,que era princesa... filha do rei... Não queria obedecê-lo, casando-se com um rapaz do mesmo povo e tendo muitos filhos... Ela preferia seguir outros costumes...
Ficou presa em seu quarto, mas não cedeu. Dizia preferir ser esposa de Jesus, não obedecer seu pai,pois era muito nova e queria outras coisas.
Teve os seios cortados, mas não mudou de idéias.
Foi amarrada com cordas e arrastada pela aldeia, morrendo assim.
Dizem que, seu pai, o rei, foi atingido por um ráio, que caiu imediatamente sobre ele, em meio à tempestade que se fêz.
A Igreja canonizou-a.
Sua imagem de gesso procura reunir esses símbolos e é colocada nos altares da Umbanda.
Como seu povo era tido por bárbaro e o pai dela morreu fulminado, ela foi chamada, pela Igreja, a santa bárbara, protetora dos ráios.
Depois que foi criada uma personagem ousada, ficou comum pôr, nas filhas, o nome Barbara. O acento é obrigatório pela gramática, mas, não ocorre em nomes...
Há vários pára-ráios e fazem muitas campanhas, mas, ainda morre muita gente fulminada...
Os processos de dominação são sempre terríveis para quem é dominado,mas, no Brasil, devido ao sincretismo religioso, há quem diga que Santa Barbara é Yasán.
Pode ser que seja pela ligação com o ráio, pode ser só alusão à rebeldia feminina, só posso lembrar que elas são sempre belas!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Saci

Não que ela tenha o visto,mas,minha avó dizia que o Saci existia sim.
As manhãs eram muito frias e nubladas.
Os cavalos tinham suas crinas todas trançadas. O cabelo das espigas também.
Era ele: só podia ter sido o Saci, aproveitando a escuridão.
Eita, moleque danado: bem pretinho, com uma perna só.
Dizem que ele usava um gorro vermelho e tinha um pito na mão.
Se o Boto servia de desculpa para as mulheres, para que serviria o Saci?
Para nada. Ele só gostava de pitar e trançar o milho e os cavalos.
Está certo que as senhoras o acusavam de culpado de tudo que elas fizessem de errado.
Coisas que elas não achassem,coisas que apareciam quebradas...
Há quem diga que o Saci é um espírito de criança abandonada pela mãe(Negra violentada pelo senhor,que abandonava o filho na boca-da-mata). Há quem diga que ele é uma assombração...
Minha avó dizia que a culpa é da luz,que, depois que puseram tanta iluminação,para todo lado, ninguém vê mais as assombrações...
No tempo dela não era assim, não.
Um dia era só para lavar os cabelos da mãe sela: ela usava tranças e enrolava na cabeça. Tinha olhos azuis e cabelos muito longos,pretos, que eram soltos no chão, enquanto ela ficava sentada. Para dormir, faziam uma fogueira no meio da casa e aproveitavam o calor.
Minha bisavó se chamava Angelina. Minha avó chamava-se Alzira.
Ela fugiu para não sofrer abusos de seu pai.
Foi com meu avô, de Campinas para Jau, casaram... mas, ela contava que, sempre que ele chegava do trabalho, pegava ela brincando de boneca, debaixo da mesa...
É difícil imaginar aquela mocinha, vendo-a entrar no nosso galinheiro e matando aquelas galinhas todas, para nos alimentar...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Tempo

Há quem diga,que o Tempo é a única coisa que se tem.
Eu digo, que não se tem nada.
É que a própria vida se resume a um tempo e não se manda nem nisso.Muitos perdem o "prazo-de-validade" das coisas" e tem que jogá-las fora.
Há os que acham que serão eternos, e, mesmo sabendo que morrerão, escrevem coisas para a posteridade...
Norma Jeane tinha suas razões para perpetuar a frase:'os homens preferem as loiras',mas,nem imaginava este momento, em que todas são loiras.
"Quem não pode com o Tempo, não inventa moda", já dizia minha progenitora...
E olha, quanta coisa já inventaram... algumas, para satisfazer necessidades, muitas, para tirar dinheiro dos outros.
Querem diminuir Santos Dumont,acusando-o de 'dandy'.
É preciso lembrar, que ser 'dandy' era moda, e, que Cruz e Sousa também o era.
Até o Cazuza sabia, que o tempo não pára, mas, os japoneses não imaginavam quão violento podia ser o mar, quando se instalaram ali. "Os próximos que se virem!"
Por mais que invente, nunca se poderá com o Tempo!
Talvez, seja por isso que uns correm tanto e outros só querem aproveitar.
O Livre-arbítrio só vale para uma escolha, pois ,é mais fácil dar um passo, que saber das expectativas dos outros.
Cada coisa tem seu tempo,nada acontece antes da hora...
As coisas vão se transformando até chegarem ao apogeu e então declinam, até se acabarem.Os costumes mudam, mas o tempo é sempre o mesmo.Esqueça a fruta madura: lembre-se que frutas(como tudo que é vivo)apodrecem, e, que os corpos se acabam.
Mesmo quem se preocupa com o futuro não faz para si... Quem planta o obí(nóz-de-cola)não o colhe.Há árvores, cujo tempo de frutificar é maior que o tempo de vida de quem planta.
Aliás,não há passado, nem futuro. O Tempo é um só: o presente.
Os que existiram no passado prepararam o sofrimento dos que viriam.
Mas não há porque ficar preocupado pois sempre haverá adaptação... mesmo depois que morrermos.Basta cada qual fazer sua parte.
A tendência será sempre piorar,pois o Tempo não pára.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"Em boca fechada não entra mosca"

Uma das características dos Provérbios deve ser a repetitividade.
Está certo que repetir é uma das melhores formas de ensinar.
Mas, essas frases me encantam.
Velhas fórmulas para o inevitável.
É muito mais fácil,pois o significado é mais flutuante que o Provérbio.
Não vê,como agora,todos preferem WC,do que 'toilete', que,pelo certo,é 'toilette',mas,que escrevem de todo jeito.Do jeito que querem.
Podem não ser como os Nomes,mas, os Provérbios sofrem modificações, tanto na forma, como no conteúdo.
Tudo bem,que em cada época manda uma necessidade, o que resta é o Humano.
Por isso, me parece que é melhor observar como cada um se vira, que estudar a Língua Portuguesa.
Percebo como as Excessões fogem à Regras.
Regras de Guimarães...
Mas,o que vem garantindo o sucesso dos Provérbios,há tanto tempo, é o desconhecimento da autoria.Ninguem tem culpa.
Todo mundo tem o que fazer.
Aliás, o Provérbio é um coringa, seu significado vai ficando mais claro com o tempo.
O efeito pode ser aterrador. Diante de tanta precariedade, um Provérbio pode soar definitivo.
Pressupõe inteligência e a autoridade está na idéia de firmeza.Talvéz seja a eternidade do acervo.
Sabe-se lá,o que há por trás de um Provérbio.É querer saber o que há em àguas represadas.
Só posso dizer que é uma ótima saída!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Lixo

As latas-de-lixo tinham que ficar fácil.
Para quem vinha,com algo para jogar fora,como para os lixeiros,encarregados de sumir com o lixo.
Nos prédios,o lixo descia por um cano,no corredor,com uma porta igual à do forno.
São coisas sebosas do passado,mas,dai saiu o nome dessa raça superimportante,vira-lata.
O lixeiro não aparecia todos os dias.E era rápido.A lata ficava na frente da casa, esperando serem derramadas e devolvidas.Pegas pela alça, ou pela borda,Pelo fundo.
Era uma gritaria.Batiam tampas de latas.Assobiavam.O maior corre-corre.
Guardavam as latas, para não sumir.
Escurecia.Os pais voltavam para casa.
A lata-de-lixo podia ser velha,suja,amassada,grande ou pequena ou própria.
Comprava-se tudo em zinco,baldes,bacias,pazinhas-de-lixo.
Também vendiam cordas e ganchos.As latas próprias podiam ser pintadas(azul)com o título:LIXO,em amarelo.
Houve o Sugismundo, as lixeirinhas de pia,as lixeiras suspensas com haste,fixadas na calçada.
Não via catadores de lixo.
Houve o saco-de-lixo(preto,resistente)e as sacolinhas do mercado(agora abominadas).
Mudam comportamentos,só não muda o lixo.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Cesárea,a diva descalça

Como é bom ouvir Cesárea Évora.Me inspira boa vontade.
Sei que as coisas nunca foram fáceis.Mesmo com toda a tecnologia continuo agitado.
Um monte de cedês. Mil sites...Só me aquieto quando ela canta.Há o encanto da língua crioula.Rítmos envolventes.Melodias maravilhosas,mas,a voz de Cesárea é inexplicável.
Mais simples que Maria Bethânia,tão representatva como D.Yvone Lara,Cesárea é imponente como o vulcão,e simples como um grão de areia.Me dá uma calmaria,de depois da erupção.Muito sentimento.Dá saudade de Cabo Verde.Diz que lá não é fácil.O tempo.Tudo e demais.Mornas,funanas,batucos inesquecíveis...a forma como a língua ficou.O que ficou de que?
O pais é um arquipélago. Fica no mar,a oeste do Senegal.
Contudo,o povo gosta de música.Diz que a Cesárea é fã das cantoras brasileiras.Me lembra a Clara Nunes,mas não se pode deixar de sentir o tempo do Pixinguinha,ou do Lupicínio Rodrigues,ou do Bezerra da Silva.
Por mais sofisticado,sempre pode acabar levantando poeira.
Fico calmo.
Mesmo tendo sido posto ali,tendo que se comunicar numa língua fifícil,o povo fêz coisas deliciosas,como Cesárea Évora,prova de que,mesmo no pântano,pode-se encontrar uma flôr.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mente Humana

Sempre se misTuraram muitos bichos pelo mundo.Sempre em luta por sobreviver.Deve ter sido maravilhoso quando o bicho humano percebeu que tinha mente e que ela é que o diferenciava dos outros.Os animais viviam automaticamente,cumprindo ordens do corpo.Os sentimentos eram o mais sublime que identificavam.Estruturaram-se para vencer a fome.Faziam sexo como algo inevitável.Um discordou de alguma coisa.Impôs sua ideia!
Os humanos sobrevivem,e seguem ideias há muito surgidas.Cada grupo desenvolveu o seu caminho.Como são lindas as coisas que a mente pode produzir.Culturas e suas caras;explicações;tudo.
O Humano não tem opção:ao nascer trará a solução.
Se não há problema,cria-se.
Os outros bichos também pensam,e acreditam,ou caem,nas armadilhas.
A mente pode perceber o exterior e criar armadilhas.O tempo vai passando...única riqueza para a mente.
Regras sempre serão criadas,delírios também.
Isso me fez lembrar,rindo,de minha irmã Lena,que dizia:'Enquanto existir cavalo,São Jorge não anda a pé"
A população do mundo cresce.O mundo muda.
Os leões serão os primeiros.
A forma mais comum de disfarce é misturar-se às multidões.Não é covardia.
Para não ser confundida,a mente marca o corpo,mesmo que simbolicamente,para não se perder.
A mente nunca dorme.É melhor nem pensar nos sonhos.
Só mesmo a Naturesa,para ser tão espetacular!
A mente é como a semente,que brota entre pedras e se lança à luz.
Consequência das explicações...
Por mais horríveis que fiquem as coisas,a mente será capaz de imaginar as coisas mais lindas.A realidade está atràs ou diante dos olhos?
Ao corpo resta a dor.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Acabou meu Carnaval

Acho que meu Carnaval não volta mais.Seo Nenê morreu.O Carnaval sempre me chamou a participar.Sempre foi empolgação.Sinto minha energia diminuindo,o Tempo passando. Tudo parece igual.Os bonecos de Parintins são a marca maior,pois falo de quando era a maior correria e sempre dava errado.Gostava da liberdade que tudo sucitava.Sentia o amor,necessário para que fosse maravilhoso.Talvez,eu esteja grande demais,meio duro.
Como é bom cair-no-samba...
Seo Nenê foi a pessoa mais importante que eu conheci.Enorme.Apesar de que tudo é enorme na memória,Seo Nenê era grande mesmo!A escola que ele fundou continua crescendo,e é enorme!
D. Maria,na Maria Carlota,sumia entre babados e brilhos,atendendo aquela gente concentrada,correndo para cima e para baixo,com peças de cetim e laminados,que agora iam ficar certinhas,para o dia que vinha chegando.
D.Maria era sogra do Nenê,mãe de D.Teresa,mulher dele,e de D.Penha,minha madrinha.Para mim,Seo Nenê era o patriarca,éramos uma família.
Era fantástica a Tiradentes.Era surreal tudo que acontecia,não tanto nos desfiles,mas,nas calçadas,concentrações e adjacências.Tudo parecia revelação.Eu era adolescente.Hoje as alegorias nem quebram.Você pode ter sua fantasia seis meses antes,só pagando o carnê.A uniformidade é para facilitar a crescente industrialização de tudo.Não precisa ir um dia antes,guardar lugar na geral.Não existe geral.É só pagar e entrar,para ver o show.Não tem passistas,mas nunca perde toda graça.Sempre desanda alguma coisa,mesmo com a superpreparação e organização que é imposta.
Nada me importava.Eu tinha que participar do Carnaval.Sempre adorei samba,sempre fui fascinado por uma bateria.
Não ligo mais para nada.Seo Nenê fêz sua parte.Tudo...como verdadeiro rei.Piná hoje é uma grande senhora.Minha energia pode até estar mais fraca,mas a do povo não.Sempre haverão de festejar.A maior festa do mundo muda,em todos os tempos,mas sempre será o Carnaval.
Não temos mais Clara Nunes,mas a Maria Rita defende bem.Pena que no sul não gostam de cantoras negras.O Carnaval no Brasil foi logo associado com os negros,pois era proibitivo entre católicos.
Vem aí outro Carnaval,preciso acompanhar...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Língua

Vão-se os estudos sobre a língua.Nunca poderão acabar.Assunto que dá mesmo muita conversa.No Brasil, se fala português.
Aliás,já se elogiou muito a surpreendente unidade do falar de norte a sul do país.
Sabe-se que os povos originais,ali na Ibéria,aprenderam com soldados,o melhor que puderam do Latim,que era a Língua do poder,e assim se fêz a chamada Língua Portuguêsa.Não deve ter sido fácil.E, mesmo também tendo sido difícil, com tantas línguas aqui, o Português prevalece a tudo.Mesmo ao fato de ter sido o Guarany s língua corrente em todo o país;às violentas diferenças regionais; á força das línguas de prestígio(Como já foi o Francês e agora é o Inglês)!
Guimarães Rosa registrou muito bem esta luta do povo,que enfrenta as dificuldades do existir com a mesma naturalidade com que encara as coisas da Língua.Falando de um povo,escreveu do jeito que ouvia.Fêz seu lugar.Há quem diga que ele reinventou a língua...
Ia subindo para o Caraguava,um bairro em Peruíbe.A bicicleta voava.Na garupa da bicicleta ao lado,um garotinho contava à sua jovem mãe:"hoje,na escola,comi dois pães"
Entendi o molequinho,mas sua mãe corrigiu séris0:"para que tanta antipatia?" Falando pães,o menino poderia ter problemas.Melhor falar como as pessoas:" dois pão"
Todo mundo entende,então tá bom.
Todo mundo sabe que a Reforma Ortográfica,promovida por várias nações,satisfaz questões de poder,quer dizer,favorece não só comercialmente o intercâmbio entre as nações.Só assim para fazer aceitável a abolição do trema,uma facilitação,pois ainda não sabiam se quer para que servia,agora só "os velhos" saberão.
A língua deve mesmo estar muito ligada ao poder,ou à sensação dele,pois dizem que a Dilma Roussef,depois que ganhou as eleições,declarou que quer ser tratada por 'presidenta'
A Língua Portuguesa é mesmo cheia de rococós,e ainda inventam mais.A palavra 'presidente',aquele que preside, é COMUM de dois gêneros,isto é,o artigo resolve a definição do gênero.Não há tal discussão.Mesmo sendo a primeira mulher,Dilma Roussef será Presidente do Brasil.
Pior que isso,só a interferência da televisão.Cansei de ouvir(aqui em São Paulo)gente de tudo quanto é lugar,achando que o 'modelo'é o 'Jornal Nacional'
Não sei o que dizer da nova maneira de usar o verbo pegar,com que andam insistindo.No seu programa,o Jô Soares sempre diz:'ele foi pego',mas pronuncia o 'e' aberto,como no Presente do Indicativo.Vários jovens atores cariocas seguem o mesmo caminho.Além de falarem feijta,meijmo e goijto,e dizerem que é só o sotaque deles,também usam o particípio passado sintético do verbo pegar, como querem.
Sei que uma língua é uma convenção,que nova realidade muda naturalmente os contornos do falar.Então o que faço com as velhas convenções,que deram tanto trabalho para assumir?Pelo menos não vou atormentar os mais novos com insistências sobre certo e errado.Não serei repetitivo.De tanto repetir a expressão 'espetaculosa',o ator André Marques acabará vitorioso!E olha que a autora estava tentando traduzir do árabe,a palavra que eles usam lá,e que significa exibida ou espalhafatosa...
Coisas que acontecem,comuns,pois a palavra 'onde',antiga na língua,é usada quando se quer,ainda que com sentido inusitado,tanto nas ruas como na telinha.

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