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domingo, 24 de janeiro de 2010

História da água, nossa vida

Uma das mais belas histórias que aprendí, muito rica de significados e muito importante, é a história do surgimento da água, de acordo com a tradição Yorubá.
O povo Yorubá é habitante de boa parte da Nigéria, onde está ainda, mas esparramou-se pelos países dominados por europeus, onde, mesmo sendo escravizado, dominou culturamente.Brasil e Cuba, por exemplo.
A força desta cultura está não só na beleza de seus mitos, mas na coerência interna deles.
Segundo os yorubás, há um Deus imensurável, senhor da existência, ao qual não se invoca, não se rende culto,não se pede ajuda e nem perdão.
Òlorún, senhor do infinito, ou Òlodùmaré, senhor dos destinos, são atribuições àquele Deus,mas, não devem ser banalizadas, sendo uma referência,para momentos apropriados.Não se figura este Deus em imagens.
Òlorún cria diversos deuses de si mesmo, e orienta-os a proceder à criação do Universo.Os deuses da criação são puríssimos, derivados como eram do ser supremo. Todos eram muito semelhantes em sua essência, transparentes como cristal,diáfanos como nuvens, e usavam seus poderes combinados, para realizar sua tarefa.Este grupo de deuses é chamado de Babá-funfún, os 'Papais do Branco',e seus devotos vestem-se de branco em sua honra.As oferendas a eles são sempre compostas de ingredientes brancos.
Estes deuses 'cristais' criaram todo o universo e a vastidão do infinito.
Mas, sua obra não chegava a se concluir, já que, sendo a energia deles de caráter único, não permitia, num certo ponto, prosseguir se recombinando e produzindo elementos novos.
Diante do impasse, os Babá-funfún se reúnem e decidem resolver a questão do seguinte modo: juntos, reunindo todos os seus poderes, criariam aquele princípio que faltava para desencadear o ápice de sua obra.
Projetaram toda sua luz no nada,havendo como uma maravilhosa explosão de energia, e da imensidão do Universo surge Òxún,a primeira mulher a ser criada.Ela é a água-doce,o princípio que faltava.
E era Òxún muito bela e atraente, de maneira que atraiu o próprio criador.
Òrúnmìlà, um dos babá-funfún,que era o Sol luminoso,o olho do céu, que tudo vê,apaixona-se completamente pela esplêndida criação.Os olhos do céu só querem refletir-se em Òxún.O Sol só brilha onde ela está, só brilha para ela...
Assim, a água-doce, escorrendo sedutora pelos regatos, recebendo o calor da luz de Òrúnmilá,refletia em sua transparência brilhos dourados.Era o encontro dos dois princípios, sendo que, só depois dela surgida, foram diferenciados como masculinos os velhos deuses.Agora, com o encontro do masculino e do feminino,pode-se criar várias outras deusas, as Ìyabás, Mães poderosas, todas relacionadas com águas de rios, e capazes de gerar a obra maior na criação, que é a vida.
Por isso é a nossa mãe maior, a Ìyá Lodé,é Òxún,a água cristalina, origem de tudo que é vivo, e elemento essencial de toda a vida.Seu cetro traz a figura de um pássaro, símbolo de seu poder.
Os senhores do branco descansam nos céus como lençóis brancos, circundando e protegendo Òxún e seus filhos no mundo.
Poderiam ser comparados, com toda a licença, com a camada de ozônio, envolvendo a Terra.
Segundo o mito,Obatalá é o Rei que guarda o Alá, o pano branco que cobre o mundo, e que é a garantia da continuidade da vida. Muito sisudo e apegado a sua pureza original,o maior de todos os babá, o Òrixá nlá, não admite que lhe sujem o Alá, reagindo brutalmente caso alguma impureza o macule.
Ao que parece, os 'buracos' na camada de ozônio indicam que já maculamos o Alá... Obatalá já deve estar bem zangado, e já deve ter começado o trabalho de reparação. Mas a primeira a entrar em risco é Òxún, a água que pode evaporar-se e voar, como linda pomba, branca como uma núvem,para o infinito.
Sem ela o mundo perderá toda a beleza e a graça: não haverá mais espelhos para o Sol se refletir, não haverá mais vida...

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